quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Previdência perde R$ 3,1 bi em junho com IOF e cautela veja impacto para investidor




O mercado de previdência complementar aberta registrou um forte revés em junho de 2025. Segundo dados divulgados pela Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), a captação líquida do setor foi negativa em R\$ 3,1 bilhões, uma queda de 170,8% em relação a junho de 2024, o que significa R\$ 7,5 bilhões a menos.


Esse resultado reflete diretamente a incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre novas contribuições em planos do tipo VGBL, além de um ambiente de maior cautela por parte dos investidores.


 O que dizem os números


  • Prêmios e contribuições: R\$ 8,2 bilhões (queda de 44,9% vs. junho/24)
  • Resgates: R\$ 11,4 bilhões (alta de 7,6%)
  • Total de planos ativos no Brasil: cerca de 13,6 milhões


  •    62% VGBL
  •    23% PGBL
  •   15% planos tradicionais


 O peso do IOF nos aportes


Segundo Edson Franco, presidente da Fenaprevi, a cobrança de IOF freou os novos aportes em VGBL e trouxe instabilidade ao setor.


O decreto que instituiu o imposto prevê:


2025: IOF de 5% para aportes acima de R\$ 300 mil por seguradora;

2026: IOF de 5% para aportes acima de R\$ 600 mil somados em diferentes instituições.


Apesar de ter sido inicialmente barrada pelo Congresso, a medida voltou a valer após decisão do STF em julho.


 O impacto direto no bolso do investidor


Para os especialistas, a cobrança do IOF mudou completamente a forma de planejar a previdência privada.


Na Monte Bravo, a sócia Camila Iensen relata que foi preciso reorganizar os aportes dos clientes, limitando contribuições ao teto de R\$ 300 mil por ano.

Na XP Vida e Previdência, o diretor Amâncio Paladino calcula que o tempo necessário para que o rendimento de um VGBL supere o imposto pode ultrapassar 6 anos, considerando uma taxa de retorno de 14% ao ano.

  •  Além disso, muitas seguradoras deixaram de aceitar aportes acima do limite por dificuldade operacional na cobrança do imposto.


Um exemplo prático mostra a dimensão da perda: alguém que recebe uma herança de R\$ 1 milhão e decide aplicar em VGBL, em 2026, pagaria R\$ 20 mil de IOF sobre o valor que excede os R\$ 600 mil isentos. Com uma aplicação de longo prazo, esses R\$ 20 mil poderiam se transformar em mais de R\$ 100 mil em 20 anos, considerando um rendimento conservador de 4% ao ano.


 E daqui para frente?


O setor de previdência privada teme que a manutenção do IOF torne o produto menos atrativo, principalmente em um país onde o envelhecimento populacional exige alternativas à previdência pública.


Outro ponto de atenção é a fiscalização a partir de 2026: como será feito o controle dos aportes somados em diferentes instituições, se não existe hoje integração entre as bases de dados das seguradoras?


Esse cenário ainda é incerto, mas especialistas acreditam que o tema deve voltar ao debate em Brasília, já que afeta não só os grandes investidores, mas também pessoas comuns que aportam valores altos de forma única (como após a venda de um imóvel ou recebimento de herança).


Em resumo: o IOF no VGBL trouxe insegurança e impactou duramente o setor de previdência privada. Para o investidor, o momento pede cautela, replanejamento e acompanhamento próximo das mudanças regulatórias.









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